Blecaute

16 de nov. de 2009

O blecaute que afetou parte do Brasil também atingiu o Rio Grande do Sul. De acordo com a assessoria de imprensa da AES Sul, a linha de distribuição Gravataí foi afetada pelo apagão.
A concessionária, que atende parte da Região Metropolitana, teve 70 mil moradores de São Leopoldo e Sapucaia do Sul prejudicados com falta de energia por volta das 22h20min. A falta de abastecimento, no entanto, durou menos de cinco minutos.
Fonte: zerohora.com

Eu estava cansadíssima e queria ir pra casa. Eram 22h20 de uma longa terça-feira e a minha aula era a cadeira de Teorias do Jornalismo. Eu tenho uma paixão imensa por cadeiras teóricas: não existe prática sem teoria. Entretanto, a terça-feira estava abafada, não haviam mais muitos alunos na sala e o meu grupo teimava em divagar sobre teoria da ação política sem parar. Procurava forças nos questionamentos instigantes e nas psicografias que tínhamos quando surgia uma nova ideia e colocávamos no papel, mas tudo com muito esforço.

Entre um bocejo e uma epifania, um susto: faltou luz. Na sala, na sala do lado, no corredor, centro e, de repente, na universidade inteira. Era impossível! Eu contando os minutos para ir para casa (dormir, porque a novela já tinha acabado...) e agora não posso terminar o meu trabalho com o grupo porque não tem luz?? Não deu tempo de comentar o quão sinistro estava a universidade imersa na escuridão: o professor não fez um comentário amigável sequer para que deixássemos o trabalho para semana que vem. Precisávamos terminar aquilo de qualquer jeito.

E como se fosse um instinto de sobrevivência, peguei meu celular e apertei várias vezes qualquer botão: fez-se luz. O colega do lado adotou a ideia, os outros também. Todo mundo! De repente tínhamos luz na sala, e não era do gerador.

Acabamos o trabalho antes das 22h32 (nosso horário alternativo...). Deu tempo de chegar em casa e assistir ao pessimamente improvisado Jornal da Globo, que trazia as últimas informações do maior bleclaute brasileiro das últimas décadas. 18 estados ficaram, pelo menos em algum momento, sem luz. Boa parte da região sudeste, centro-oeste e nordeste só viram luz ao amanhecer. Pude finalmente digerir o tamanho do problema político-organizacional que estaríamos enfrentando. Mas me questionei também sobre o que as pessoas poderiam estar fazendo (ou terminando de fazer, como eu) naqueles minutos em que ficamos na escuridão.


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