Colorados na mão dos gremistas

30 de nov. de 2009


Imagens: RBSTV

Ontem, em uma rodada emocionante, o Internacional venceu de virada o rebaixado Sport por 2 a 1. Com gols de Kléber e Andrézinho (que mais uma vez salvou o time em uma cobrança de falta), o time colorado sobe para a segunda posição e fica a 2 pontos do atual líder, o Flamengo, que está com 64. Aliás, está é a primeira vez que o time do técnico Andrade termina a rodada na liderança. Durante o domingo, todos os times que estão no G4 e concorrem a tão estimada vaga de líder do campeonato, mudaram drasticamente de posição em relação à rodada anterior.



Voltando ao Internacional, a vitória, mesmo que não parecendo, foi sofrida. Para quem é torcedor, o jogo parecia uma antecipação da final do campeonato. Mas o pior de tudo ocorreu no final da rodada: com o resultado das partidas e com as previsões dos jogos do próximo domingo, a conquista do título pelos colorados torna-se dependente da vitória do arquirrival Grêmio em cima do Flamengo.

Não sei até que ponto os gremistas poderiam lutar pela vitória (ou pela derrota) sem pensar no time adversário. Se me permitirem a brincadeira, a rivalidade da dupla Grenal é tão antiga quanto os primeiros registros da escrita. Entretanto, essa briga não significa o valor da dignidade que o time carrega no seu semblante, e é por isso que acredito que, tanto o Internacional, que busca o título, quanto o Grêmio, que busca a absurda recém segunda vitória fora de casa, deveriam ganhar.

Há quem diga que a vitória do Grêmio e a conseqüente conquista do Brasileirão 2009 pelos colorados quebraria uma barreira entre a rivalidade criminosa dos times e, finalmente, ela deixaria de ser insuportável para ser saudável. E é a mais extrema verdade. Dentro da minha casa, vivemos em constante disputa Grenal. Mas se é possível a convivência e o amor entre cônjuges, amigos e parentes de times diferentes embaixo do mesmo teto, a preservação da imagem de um time, ou melhor, dos times, e a sua rivalidade respeitosa, também pode ser.

É no domingo que vamos ter a certeza disso.

Lá vem mais chuva

25 de nov. de 2009

Desde o dia 06 de novembro eu não vejo o céu aberto na região metropolitana. A chuva tórrida já fez com que 52 cidades decretassem situação de emergência no estado e tal foi a minha surpresa ao saber que Novo Hamburgo, cidade ao lado, era uma delas. Segundo a meteorologia, "amanhã, a previsão indica chuva mais forte no Estado. A Defesa Civil do RS alerta que as condições meteorológicas estão favoráveis à ocorrência de pancadas de chuva, de moderadas a fortes, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento em áreas isoladas no Centro, Sul e Leste." (Fonte: zerohora.com)

É desde o dia 06 de novembro também que estou ilhada dentro de casa. As chuvas adentraram os cômodos do meu apartamento que está, imaginem, no décimo andar. Mais de 15 mil pessoas estão fora de casa e eu quase na mesma situação. A água entra e ninguém sabe de onde e muito menos da onde surge tamanha intensidade. A única coisa previsível é que ela vem de cima. E vem há dias.

O mais triste de tudo é que não há para onde correr ou pedir ajuda. Prefeituras e a Defesa Civil fazem o seu máximo para o momento, mas não seria novidade se também estivessem dentro d'agua.

Ao assistir à estreia de 2012 (Roland Emmerich, 2009), imagino-me numa situação muito parecida com o que traz o filme quanto aos desastres. Não sinto o sol do tempo bom na minha pele há 20 dias. Será mesmo a antecipação do fim do mundo?


Foto: Ricardo Fuchs (AE)

Foto: Divulgação Sony Pictures



Não são imagens parecidas?

Blecaute

16 de nov. de 2009

O blecaute que afetou parte do Brasil também atingiu o Rio Grande do Sul. De acordo com a assessoria de imprensa da AES Sul, a linha de distribuição Gravataí foi afetada pelo apagão.
A concessionária, que atende parte da Região Metropolitana, teve 70 mil moradores de São Leopoldo e Sapucaia do Sul prejudicados com falta de energia por volta das 22h20min. A falta de abastecimento, no entanto, durou menos de cinco minutos.
Fonte: zerohora.com

Eu estava cansadíssima e queria ir pra casa. Eram 22h20 de uma longa terça-feira e a minha aula era a cadeira de Teorias do Jornalismo. Eu tenho uma paixão imensa por cadeiras teóricas: não existe prática sem teoria. Entretanto, a terça-feira estava abafada, não haviam mais muitos alunos na sala e o meu grupo teimava em divagar sobre teoria da ação política sem parar. Procurava forças nos questionamentos instigantes e nas psicografias que tínhamos quando surgia uma nova ideia e colocávamos no papel, mas tudo com muito esforço.

Entre um bocejo e uma epifania, um susto: faltou luz. Na sala, na sala do lado, no corredor, centro e, de repente, na universidade inteira. Era impossível! Eu contando os minutos para ir para casa (dormir, porque a novela já tinha acabado...) e agora não posso terminar o meu trabalho com o grupo porque não tem luz?? Não deu tempo de comentar o quão sinistro estava a universidade imersa na escuridão: o professor não fez um comentário amigável sequer para que deixássemos o trabalho para semana que vem. Precisávamos terminar aquilo de qualquer jeito.

E como se fosse um instinto de sobrevivência, peguei meu celular e apertei várias vezes qualquer botão: fez-se luz. O colega do lado adotou a ideia, os outros também. Todo mundo! De repente tínhamos luz na sala, e não era do gerador.

Acabamos o trabalho antes das 22h32 (nosso horário alternativo...). Deu tempo de chegar em casa e assistir ao pessimamente improvisado Jornal da Globo, que trazia as últimas informações do maior bleclaute brasileiro das últimas décadas. 18 estados ficaram, pelo menos em algum momento, sem luz. Boa parte da região sudeste, centro-oeste e nordeste só viram luz ao amanhecer. Pude finalmente digerir o tamanho do problema político-organizacional que estaríamos enfrentando. Mas me questionei também sobre o que as pessoas poderiam estar fazendo (ou terminando de fazer, como eu) naqueles minutos em que ficamos na escuridão.


Muito singular

9 de nov. de 2009

Eu preciso de pouquíssimos instantes para me conectar com o mundo. Folheio o jornal, navego em sites, ligo a televisão e o rádio. Ou, simplesmente, faço parte do acontecimento que está nas manchetes de todos esses veículos.

Às vezes não comento com ninguém – é irrelevante. Por outro lado, o estar presente pode virar uma boa conversa de mesa de bar. De quem quer que seja a história, a experiência do acontecimento é um momento singular vivenciado e que deseja ser compartilhado com outras pessoas que já vivenciaram isso um dia. Está aí a essência da singularidade: algo tão presente na comunicação e às vezes passa despercebido.

Eu estou aqui pra contar a todo mundo uma história muito singular. Sob uma visão de jornalista (ou quase), é claro, e sob uma visão minha: muito individual. Mas que pode ter sido uma visão sua também, ou de tanta gente.